quarta-feira, 27 de novembro de 2013

PLASTICIDADE


Dizer que um processo é plástico significa que ele pode adaptar-se imediatamente às alterações nas circunstâncias externas. Nesse sentido, plasticidade é a base de todo controle neural. O conceito de plasticidade é essencial para o trabalho dos fisioterapeutas. Muitos problemas verificados na prática são decorrentes de plasticidade excessiva ou insuficiente. Grande parte dos procedimentos usados em fisioterapia exploram a plasticidade inerente do encéfalo e dos músculos, para maximizar a reabilitação.
Do ponto de vista prático, a resposta do sistema nervoso à lesão pode ser considerada de duas maneiras: resposta à interrupção dos tratos axonais (regeneração), que requer crescimento à longa distância, e plasticidade sináptica, que funciona localmente.

v  REGENERAÇÃO:

No SNP, os neurônios que projetam seus axônios para os nervos periféricos normalmente têm êxito na regeneração depois de lesão, se houver disponibilidade de células não neuronais adequadas, moléculas de adesão e fatores de crescimento. Os brotos axonais são capazes de crescer grandes distâncias ao longo das bainhas nervosas vazias e crescem inclusive através de condutos artificiais para atingir seus alvos sinápticos. Em contraste, a lesão axonal no SNC não leva à regeneração e a consequência de lesão em um trato motor importante, por exemplo, depois de um AVE ou lesão na medula espinal, é a deficiência motora permanente. No entanto o SNC entra em plasticidade sináptica e, assim, é possível certa recuperação da função motora.
A visão hoje prevalente do porque de os neurônios do SNC não utilizarem sua capacidade regenerativa centra-se no fato de o ambiente no interior do SNC ser inibitório, por causa das atividades de suas células gliais. A melhora da regeneração do SNC possivelmente dependerá da definição da natureza desse meio inibitório e de encontrar modos para neutralizá-los.
            Seja no SNC ou no SNP, a regeneração de axônios lesados é apenas metade da batalha pela recuperação. A reinervação do músculo deve ser específica para que tenha utilidade. Isso se deve ao fato de que, por exemplo, depois de secção de um grande nervo misto, alguns axônios sensoriais inervam músculos e alguns axônios motores inervam receptores cutâneos. Além disso, cada músculo pode ser reinervado por neurônios de outros pools motores e, portanto, serão ativados impropriamente.
           
v  PLASTICIDADE SINÁPTICA:

A plasticidade na forma de função sináptica alterada ou de crescimento de novas sinapses pode ser observada em todos os níveis do sistema neuromuscular, em resposta a lesões ou patologias.
No encéfalo, as alterações plásticas ocorrem em resposta a lesões locais e periféricas. Supôs-se (antigamente) que essa adaptação seria possível apenas quando a lesão ocorresse no início do desenvolvimento. Com o aprimoramento dos métodos de pesquisa, está ficando claro que significante plasticidade persiste na idade adulta.
Mais recentemente, a tomografia por emissão de pósitrons nos pacientes adultos que sofrem AVE estriatocapsular demonstrou ativação bilateral de vias motoras e o recrutamento de áreas corticais sensório-motoras adicionais, associadas à recuperação da função motora.

Vários processos provavelmente contribuem para a plasticidade cortical depois da lesão. Algumas alterações têm lugar dentro de horas e são mediadas por alterações dinâmicas na ativação sináptica, mas o trabalho intenso no hipocampo indica que o brotamento de terminais axônicos pode ocorrer a longo prazo.


Créditos: Neurologia para Fisioterapeutas, CASH

terça-feira, 26 de novembro de 2013

CONTROLE MOTOR

CONTROLE MOTOR

uPLANOS E PROGRAMAS DE MOVIMENTO

v  A transformação de uma ideia em um plano ou programa de movimento é a tarefa fundamental do sistema motor. Há afecções em que a transformação mencionada fica comprometida.
o   APRAXIA – refere-se à incapacidade de os indivíduos produzirem o movimento correto em resposta a um comando externo simples.
o   DESAFERENCIAÇÃO – O SNC pode armazenar um conjunto notavelmente detalhado de comandos de movimento, suficiente para orquestrar a sincronização e o sequenciamento dos músculos, necessários para reproduzir o movimento. Entretanto, em paciente que passaram por desaferenciação, após um período de repetição, os movimentos começam a ser incorretos, deteriorando-se e chegando à interrupção.

v  PAPEL DO FEEDBACK SENSORIAL
A produção de qualquer movimento requer a cooperação entre planos ou programas de movimento e Feedback dos receptores sensoriais na periferia. O feedback pode requerer a interação com os reflexos durante a atividade motora ou adaptação depois do movimento, para atualizar os últimos comandos motores.
o   Reflexos – experiências meticulosas demonstram que perturbações bem pequenas do movimento, aproximadamente no limiar de percepção do indivíduo, são quase totalmente compensadas por mecanismos reflexos, mesmo que a própria perturbação não seja detectada.
o   Adaptação – Atualiza as instruções do sistema de comando motor central, de forma que os movimentos subsequentes sejam realizados com maior precisão.

vTRANSPORTE DOS COMANDOS MOTORES
VIAS MOTORAS DESCENDENTES
Vias descendentes são vias que transportam os comandos motores
Vias principais:
v  Trato Piramidal (corticoespinhal) – decussa nas pirâmides do bulbo
o   Tem forte influência sobre a atividade de grupos de neurônios motores espinhais que inervam os músculos distais das mãos e dos pés. O trato piramidal é particularmente importante para o controle delicado e fracionado dos músculos distais do membro superior.
v  VIAS EXTRAPIRAMIDAIS
o Trato Reticuloespinhal
o Trato Vestibuloespinhal  _______}Principais
São relacionados com o controle dos movimentos posturais grosseiros.

wÁREAS DE CONTROLE DOS MOVIMENTOS

3.1 CÓRTEX CEREBRAL – Córtex motor primário, áreas pré-motoras e motoras suplementares.

3.2 ESTRUTURAS SUBCORTICAIS

             *Núcleos de base
            *  Cerebelo

segunda-feira, 18 de novembro de 2013

COMPRESSÃO/SÍNDROME DO CANAL DE GUYON



         A lesão ou irritação no nervo ulnar no canal entre o hâmulo do hamato e o psiforme é decorrente de pressão mantida, como escrever durante um tempo prolongado ou inclinar-se para frente sobre os punhos estendidos (como no ciclismo).
         Ocorre pelo uso repetitivo da ação de garra dos 4º e 5º dedos, como tricotar, fazer nós ou usar alicates ou grampeadores, ou ainda, em decorrência de um trauma, como cair sobre a borda ulnar do punho.
                        
COMPROMETIMENTOS COMUNS:

v  Dor e parestesia ao longo do lado ulnar da palma da mão e dedos, e na distribuição do nervo ulnar.
v  Fraqueza progressiva.
v  Mobilidade restrita nos flexores e extensores dos dedos.
v  Diminuição da força de garra.
v  Incapacidade para usar o 4º e 5º dedos para garras de potência esférica e cilíndrica.
v  Habilidade diminuída para realizar a atividade provocadora.

TRATAMENTO NÃO-CIRÚRGICO
RESUMO DAS DIRETRIZES DE TRATAMENTO DA SÍNDROME DO TÚNEL DO CARPO
v  Proteger o nervo
o   Imobilizar o punho na posição neutra
o   Proteger áreas com sensibilidade diminuída
v  Mobilizar articulações, tecidos conjuntivos e músculos/tendões que estejam limitados.
o   Mobilizar carpais que estiverem restringindo a mobilidade
o   Exercícios de deslizamento de tendão
o   Exercício de mobilização do nervo ulnar (mobilização neural).

v  Melhorar o desempenho muscular

SÍNDROME DO TÚNEL DO CARPO


COMPROMETIMENTOS COMUNS:

v  Aumento da dor na mão com uso repetitivo.
v  Fraqueza progressiva ou atrofia nos músculos tenares e dois primeiros lumbricais.
v  Irritabilidade ou perda sensitiva na distribuição do nervo mediano.
v  Possível diminuição da mobilidade articular no punho e nas articulações metacarpofalângicas do pó polegar e dos dedos 2 e 3.
v  Diminuição das atividades de preensão.

TRATAMENTO NÃO-CIRÚRGICO
         Em pacientes com sintomas leves a moderados a intervenção conservadora é direcionada para a minimização ou eliminação de fatores causais.

RESUMO DAS DIRETRIZES DE TRATAMENTO DA SÍNDROME DO TÚNEL DO CARPO
v  Proteger o nervo
o   Imobilizar o punho na posição neutra
o   Proteger áreas com sensibilidade diminuída
v  Mobilizar articulações, tecidos conjuntivos e músculos/tendões que estejam limitados.
o   Mobilizar carpais que estiverem restringindo a mobilidade
o   Exercícios de deslizamento de tendão
o   Exercício de mobilização do nervo mediano

v  Melhorar o desempenho muscular

SÍNDROME DO DESFILADEIRO TORÁCICO

SÍNDROME DO DESFILADEIRO TORÁCICO


v  Há uma ampla mobilidade nas várias articulações do complexo do ombro que pode resultar em compressão ou pinçamento de nervos ou vasos na Síndrome do Desfiladeiro Torácico.

o   Variações posturais, como a cabeça anteriorizada ou ombros curvos, levam ao encurtamento associado dos músculos escaleno, levantador, subescapular e peitoral menor e uma clavícula deprimida;
o   Sobrecargas posturais, como ao carregar uma maleta, pasta ou bolsa pesada, podem tensionar a cintura escapular criando pressão no desfiladeiro torácico ou tração no plexo braquial;
o   Padrões respiratórios que continuamente usam a ação dos músculos escalenos para elevar as costelas superiores causam a hipertrofia desses músculos. Além disso, as costelas elevadas diminuem o espaço sob a clavícula;
o   Fatores congênitos;
o   Lesões traumáticas, como a fratura da clavícula ou luxação subacromial da cabeça do úmero, podem lesar o plexo e os vasos, levando assim, aos sintomas da SDT;
o   Hipertrofia e cicatrizes nos músculos peitorais menores podem levar a sintomas de SDT.
o   Lesões que resultem em inflamação, formação de tecido cicatricial e aderências podem restringir a mobilidade do tecido neural quando o nervo é tensionado. Isso pode acontecer em qualquer parte. Há sinais de tensão neural decorrentes de restrições na mobilidade.

v  COMPROMETIMENTOS COMUNS NA SDT

o   Dor, parestesia, dormência, fraqueza, descoloração, edema ligados ao plexo braquial e à distribuição vascular.
o   Padrão respiratório superficial caracterizado por respiração torácica alta.
o   Pouca mobilidade da clavícula e costelas anteriores.
o   Sintomas de tensão nervosa quando o plexo braquial é colocado na posição tensionada.

RESUMO DAS DIRETRIZES DE TRATAMENTO DA SÍNDROME DO DESFILADEIRO TORÁCICO
v  Educar o paciente:
o   Ensinar correção da postura
o   Ensinar como modificar sobrecargas provocadas
o   Ensinar exercícios seguros para o programa domiciliar

v  Corrigir o comprometimento postural
v  Mobilizar o tecido neurológico que apresenta restrições
o   Técnicas de mobilização neural, caso o teste seja positivo para restrição da mobilidade.
v  Corrigir padrões respiratórios falhos

o   Ensinar respiração abdomino-diafragmática.

quinta-feira, 7 de novembro de 2013

MARCHA NORMAL E PATOLÓGICA


v  DEAMBULAÇÃO – método de locomoção que envolve o uso dos membros inferiores, de forma alternada, em apoio e propulsão, com pelo menos um pé em contato com o solo durante todo o tempo.

v  MARCHA – maneira ou padrão de locomoção que diferencia dois indivíduos.


v  CICLO DA MARCHA – intervalo de tempo entre duas ocorrências sucessivas do mesmo evento. Considera-se como início do ciclo o momento em que o pé toca o solo, denominado contato inicial.

v  FASES DA MARCHA – durante um ciclo, duas fases distintas podem ser definidas para cada membro:
o   Fase de apoio ou de estação – durante o qual o pé está em contato com o solo, e o tronco faz a ultrapassagem do membro apoiado.
o   Fase de balanço ou de oscilação – quando ocorre o avanço do membro.

PARÂMETROS LINEARES

v  PASSO – distância entre os pontos em que os pés tocam o solo. Por convenção, dá nome ao passo o pé que está à frente. Assim, pé direito na frente: passo direito (step).
v  PASSADA – distância entre os pontos em que um mesmo pé tocou o solo em dois pontos sucessivos (stride).
v  LARGURA DO PASSO – distância entre o ponto de contato inicial de um dos membros, medida perpendicularmente ao segmento de reta que une dois pontos de contatos sucessivos do membro contralateral.
v  TEMPO DO CICLO – tempo em segundos decorrido entre dois apoios sucessivos do mesmo membro.
v  CADÊNCIA – número de passos ocorridos em determinado período de tempo. Em geral, considera-se o número de passos dados em um minuto.



EVENTOS DA MARCHA

o   Contato inicial do pé (CI)
o   Contato total do pé (CT)
o   Desprendimento do pé oposto (DPO)
o   Médio apoio (MA) – momento em que o pé em balanço ultrapassa o membro apoiado.
o   Desprendimento do retropé (DRP)
o   Contato inicial do pé oposto (CIO)
o   Desprendimento (DSP)

v  PERÍODOS DA MARCHA
NA FASE DE APOIO
NA FASE DE BALANÇO
v  Período de duplo apoio inicial: começa com contato inicial, termina com o desprendimento do pé oposto.
v  Período de apoio simples: fase na qual o tronco está apoiado totalmente sobre apenas um dos membros, coincide com a fase de balanço do membro contralateral. É nessa fase que acontece o médio apoio.
v  Período de duplo apoio final: inicia quando o membro contralateral termina sua fase de balanço e toca o solo. Também chamado de “pré-balanço”.
v  Período de balanço inicial: começa com o desprendimento do pé e termina no momento em que o tornozelo do membro em balanço, visto no plano sagital, superpõe-se ao que está apoiado.
v  Período de médio balanço: sucede o balanço inicial e termina no momento em que o eixo da perna ocupa a posição vertical em relação ao solo.
v  Período de balanço terminal: quando ocorre a desaceleração do membro inferior, que se  prepara para tocar o solo, iniciando um novo ciclo (período de desaceleração).



MARCHA PATOLÓGICA

Quaisquer alterações no encéfalo, na medula, nos nervos, nos músculos e no esqueleto, podem resultar em alterações na marcha. A presença de dor também, na medida em que o indivíduo procura uma maneira confortável de andar.
Aspectos que costumam ser perdidos na marcha patológica:
v  Estabilidade de apoio
v  Passagem adequada do pé durante o balanço
v  Posicionamento adequado do pé no balanço terminal
v  Comprimento adequado do passo
v  Conservação de energia.

ëAs alterações observadas na marcha são referidas de forma genérica como claudicação.
ëINCLINAÇÃO LATERAL DO TRONCO (MARCHA DE TRENDELENBURG) – o verdadeiro Trendelenburg surge quando existe fraqueza do glúteo médio, enquanto a marcha antálgica por dor no quadril será o “falso Trendelenburg”.
ëINCLINAÇÃO ANTERIOR DO TRONCO – ocorre por fraqueza no quadríceps.
ëHIPERLORDOSE (durante a marcha) – contratura em flexão dos quadris, mas também pode surgir em função da anquilose do quadril.
OUTRAS ALTERAÇÕES:
ëENCURTAMENTO FUNCIONAL
ëROTAÇÃO ANORMAL DO QUADRIL
ëHIPEREXTENSÃO DO JOELHO
ëFLEXÃO EXCESSIVA DO JOELHO
ëCONTROLE INADEQUADO DA DORSIFLEXÃO

RESUMIDO DO LIVRO: Ortopedia e Traumatologia: princípios e prática. SIZÍNIO HEBERT, 2009.


terça-feira, 29 de outubro de 2013

SÍNDROME PIRAMIDAL (SÍNDROME DO 1º NEURÔNIO MOTOR)

SÍNDROME PIRAMIDAL (SÍNDROME DO 1º NEURÔNIO MOTOR)

v  Qualquer lesão piramidal acima da decussação das pirâmides (córtex cerebral, cápsula interna, tronco encefálico) causa hemiplegia ou hemiparesia CONTRALATERAL à lesão.
v  Por outro lado, lesões unilaterais da medula (hemissecção) provocam hemiplegia ou hemiparesia IPSILATERAL à lesão.

v  Hipotrofia Muscular
o   Devido a diminuição da estimulação da musculatura inervada pelo feixe piramidal.

v  ESPASTICIDADE + HIPERREFLEXIA
FLACIDEZ + HIPO/ARREFLEXIA
o   Em lesões agudas (com AVE e traumas) há flacidez nos primeiros dias (fase de choque medular) que evolui para espasticidade.
o   Já nas lesões subagudas e insidiosas (esclerose múltipla, compressão tumoral) não há choque medular, ocorre espasticidade e hiperreflexia desde o início dos sintomas.

v  SINAL DE BABINSKI
o   Presença de reflexo cutâneo plantar em extensão. Traduz hiperreflexia tendinosa.

v  CLÔNUS
o   Presença de contrações musculares repetitivas após estiramento dos tendões – do calcâneo e do quadríceps.

v  PERDA DOS REFLEXOS CUTÂNEO ABDOMINAL E CREMASTÉRICO


v  MARCHA CEIFANTE OU HEMIPLÉGICA

ESTÍMULO E RESPOSTA AO ESTÍMULO

COMO O ESTÍMULO CHEGA ATÉ O CÉREBRO

v  Quanto à sensibilidade, o córtex sensorial recebe sempre o estímulo do lado oposto do corpo. A diferença é que:
o   A via de sensibilidade termoálgica cruza assim que chega à medula;
o   A via de sensibilidade tátil discriminativa, proprioceptiva e vibratória só cruza no bulbo.

COMO A RESPOSTA VAI DO CÉREBRO ATÉ O MÚSCULO EFETOR 

Há dois tipos de neurônio motor: 1º neurônio motor e 2º neurônio motor.
v  1º neurônio motor: esses neurônios formam a via piramidal e cruzam para o lado oposto no bulbo, levando a ordem do córtex motor à medula; onde faz sinapse com o 2º neurônio motor;
v  2º neurônio motor: recebe a ordem do 1º neurônio motor e a leva até a musculatura efetora. Esses nervos formam os nervos periféricos.