Dizer que um processo
é plástico significa que ele pode adaptar-se imediatamente às alterações nas
circunstâncias externas. Nesse sentido, plasticidade é a base de todo controle
neural. O conceito de plasticidade é essencial para o trabalho dos
fisioterapeutas. Muitos problemas verificados na prática são decorrentes de
plasticidade excessiva ou insuficiente. Grande parte dos procedimentos usados
em fisioterapia exploram a plasticidade inerente do encéfalo e dos músculos,
para maximizar a reabilitação.
Do ponto de vista
prático, a resposta do sistema nervoso à lesão pode ser considerada de duas
maneiras: resposta à interrupção dos
tratos axonais (regeneração), que requer crescimento à longa distância, e plasticidade sináptica, que funciona
localmente.
v REGENERAÇÃO:
No SNP, os neurônios
que projetam seus axônios para os nervos periféricos normalmente têm êxito na
regeneração depois de lesão, se houver disponibilidade de células não neuronais
adequadas, moléculas de adesão e fatores de crescimento. Os brotos axonais são
capazes de crescer grandes distâncias ao longo das bainhas nervosas vazias e
crescem inclusive através de condutos artificiais para atingir seus alvos sinápticos.
Em contraste, a lesão axonal no SNC não leva à regeneração e a consequência de
lesão em um trato motor importante, por exemplo, depois de um AVE ou lesão na
medula espinal, é a deficiência motora permanente. No entanto o SNC entra em
plasticidade sináptica e, assim, é possível certa recuperação da função motora.
A visão hoje prevalente
do porque de os neurônios do SNC não utilizarem sua capacidade regenerativa
centra-se no fato de o ambiente no interior do SNC ser inibitório, por causa
das atividades de suas células gliais. A melhora da regeneração do SNC
possivelmente dependerá da definição da natureza desse meio inibitório e de
encontrar modos para neutralizá-los.
Seja
no SNC ou no SNP, a regeneração de axônios lesados é apenas metade da batalha
pela recuperação. A reinervação do músculo deve ser específica para que tenha
utilidade. Isso se deve ao fato de que, por exemplo, depois de secção de um
grande nervo misto, alguns axônios sensoriais inervam músculos e alguns axônios
motores inervam receptores cutâneos. Além disso, cada músculo pode ser
reinervado por neurônios de outros pools
motores e, portanto, serão ativados impropriamente.
v PLASTICIDADE
SINÁPTICA:
A plasticidade na
forma de função sináptica alterada ou de crescimento de novas sinapses pode ser
observada em todos os níveis do sistema neuromuscular, em resposta a lesões ou
patologias.
No encéfalo, as
alterações plásticas ocorrem em resposta a lesões locais e periféricas. Supôs-se
(antigamente) que essa adaptação seria possível apenas quando a lesão ocorresse
no início do desenvolvimento. Com o aprimoramento dos métodos de pesquisa, está
ficando claro que significante plasticidade persiste na idade adulta.
Mais recentemente, a
tomografia por emissão de pósitrons nos pacientes adultos que sofrem AVE
estriatocapsular demonstrou ativação bilateral de vias motoras e o recrutamento
de áreas corticais sensório-motoras adicionais, associadas à recuperação da
função motora.
Vários processos provavelmente
contribuem para a plasticidade cortical depois da lesão. Algumas alterações têm
lugar dentro de horas e são mediadas por alterações dinâmicas na ativação sináptica,
mas o trabalho intenso no hipocampo indica que o brotamento de terminais
axônicos pode ocorrer a longo prazo.
Créditos: Neurologia para Fisioterapeutas, CASH
Créditos: Neurologia para Fisioterapeutas, CASH