terça-feira, 4 de março de 2014

A fisioterapia e as semânticas da vida


Talvez não se pense que exista uma relação mais aprofundada na semântica da palavra fisioterapia. Talvez realmente não exista, visto que no cotidiano quase nunca se pense a respeito. Sabemos que é derivada de duas outras gregas, physis e therapeía. De acordo com o Dicionário Aurélio da língua portuguesa, fisioterapia é um tratamento de doença por meio de exercícios e agentes físicos. Esta definição torna-se simplista por desconsiderar, ou deixar apenas implícito as palavras movimento e natureza. Desta forma, no cotidiano convencionou-se entender a fisioterapia apenas como tendo seu lado concreto, seja pela realização de exercícios, seja pelo uso dos agentes físicos como o frio, o calor, a eletricidade; e não é à toa que tanto precisamos dos conhecimentos desta ciência (física) durante todo o aprendizado que nos leva à profissão, afinal desempenhamos o papel de terapeutas dos distúrbios relacionados à cinética.
Aprofundando-se no significado de physis (algo mais apropriado para filósofos, do que para um fisioterapeuta) compreendemos como sendo “natureza”, mas em sentido amplo. Seu significado não pode ser entendido como sendo apenas o conjunto de seres e agentes físicos que constituem o universo, mas sim, uma força que mantém as coisas em constante “movimento” (transformação), afinal, desde o momento da concepção estamos nesta eterna mutação promovida por ele. Nascemos, crescemos, envelhecemos, mudamos durante toda a vida. Não só estão presentes os movimentos naturais que nos trazem mudanças fisiológicas. Surgem também as intempéries, as doenças que acarretam inconstâncias indesejáveis. E por fim, a morte surge como mais uma etapa deste ciclo de alterações.
Entre a gênese e a morte é onde está compreendido o nosso trabalho. Daí surge mais uma possível análise semântica e filosófica. A palavra em questão é “vida”. Obviamente cada um encara a interpretação da maneira que melhor lhe convém, mas levando em consideração a ciência na qual estamos inseridos, a fisioterapia, devemos relembrar de conceitos, palavras, expressões que sempre estiveram onipresentes durante o período acadêmico. O conceito de saúde adotado pela OMS; o termo “qualidade de vida”, que tanto é pregado nas diversas disciplinas; a “funcionalidade” tão necessária para uma existência plena. Todos estes conceitos estão presentes na formação acadêmica do fisioterapeuta, contudo nenhum deles, para mim foi mais tocante do que uma simples frase colada à parede da clínica escola da faculdade onde estudei. Confesso que não lembro exatamente das palavras escritas, mas sua essência permanece viva. Ela exaltava a vida não como o simples funcionamento dos órgãos, ou a ausência de uma certidão de óbito, mas sim como algo que tenha sentido e que valha a pena ser vivido. Era na verdade uma síntese de todos estes conceitos anteriores, postos apenas em uma simples frase. Lembro-me também que havia quem discordasse dela, utilizando o velho lugar-comum: “onde há vida, há esperança”, frase baseada em um pensamento bíblico que exalta uma virtude que está tragicomicamente relacionada à saúde pública do nosso país.
A vida do cidadão brasileiro comum, desprovido de grandes bens materiais, é baseada no ato de ter esperança. Utilizando mais uma vez o Aurélio, percebemos vários significados que se encaixam no cotidiano do indivíduo que necessita de fisioterapia ofertada pelo Sistema Único de Saúde: 1. Ato de se esperar o que se deseja; 2. Expectativa, espera... Enfim, a triste realidade das longas filas. Vale lembrar também, já que estamos falando em virtudes, que o símbolo da esperança é uma âncora. Mais uma vez a semântica se faz presente, mas podemos notar a ambiguidade que a palavra traz em si. Na interpretação teológica, a âncora que simboliza a esperança significa “suporte, segurança, abrigo”. Simultaneamente, quando pensamos em âncora surge a ideia náutica, de um objeto que afunda e faz a embarcação ficar presa, estagnada a algum lugar. Infelizmente estamos mais próximos do último significado e daí surgem questões fáceis de responder, porém difíceis de compreender. Pergunta: seria a fisioterapia um tratamento desnecessário, inútil, visto que há pouca oferta de vagas surgindo nos concursos públicos e baixa remuneração oferecida? Resposta: não. Pergunta: A funcionalidade do indivíduo que passou por alguma lesão de qualquer natureza será afetada pela grande demora das filas de espera do SUS? Resposta: sim. Duas perguntas simples e duas respostas mais simples ainda. Então onde reside a complexidade? Reside na frivolidade com que se trata a saúde do cidadão. Deixando de lado as questões que envolvem o desinteresse político (que é mais do que óbvio), não é fácil compreender o porquê de tamanho desconhecimento e desvalorização de uma profissão séria que possui suas práticas baseadas em evidências científicas e que acima de tudo não necessita de grandes empreendimentos financeiros, comparado à tratamentos farmacológicos. Uma possível resposta para essa questão é a grande oferta de profissionais no mercado. Tomando este fato como a causa da desvalorização, nos vemos diante de um quadro humilhante, onde estamos (nós fisioterapeutas e os cidadãos doentes) sendo usados como marionetes, e a questão volta ao fato óbvio do desinteresse político em beneficiar a população em prol de vãos interesses da politicagem.

Há quem diga que a culpa é de cada profissional que não se valoriza, vendendo seu trabalho de forma particular a preço irrisório. Há quem diga que a culpa é dos CREFITOS que não lutam por sua classe, algo em que não acredito. Porém, a questão maior não é somente a desvalorização do profissional da fisioterapia, mas sim a depreciação do valor humano, onde o cidadão tem sua semântica desconsiderada, esquecendo o seu real significado. Cidadão:indivíduo no gozo dos direitos civis e políticos de um Estado, ou no desempenho de seus deveres para com este”. Resta apenas seu outro significado: “habitante da cidade”, ao qual pode-se acrescentar: usável como objeto, coisa.

Jhons Cassimiro - Fisioterapeuta CREFITO 7333

sábado, 1 de março de 2014

AMPUTAÇÕES, ÓRTESES E PRÓTESES



A classificação de uma amputação é baseada no nível em que o membro é amputado e é designada por TRANSVERSA quando ocorre no plano transverso ao osso. É designada por DESARTICULAÇÃO quando ocorre numa articulação. Há também a amputação CONGÊNITA, quando o paciente nasce sem um membro (ou parte dele).

 Nos membros inferiores, os níveis de amputação são classificados da segunda forma:

PRÓTESES DE AMPUTAÇÃO PARCIAL OU TOTAL DO PÉ:
·         LISFRANC – a amputação pode ocorrer abrangendo todos os ossos falângicos e metatársicos.
·         DESARTICULAÇÃO DE CHOUPART – além dos ossos citados anteriormente, também parte dos ossos do tarso (cuboide, cuneiforme e navicular).
·         PIROGOFF – quando ocorre a remoção do tálus e parte do calcâneo, o restante é fixado na tíbia por artrodese.
·         SYME – quando a amputação é transmaleolar, considerando-se esta como sendo uma transição para a amputação transtibial.




PRÓTESES DE AMPUTAÇÃO TRANSTIBIAL
·         1/3 inferior da tíbia e fíbula
·         1/3 médio da tíbia e fíbula
·         1/3 superior da tíbia e fíbula

PRÓTESES DE DESARTICULAÇÃO DO JOELHO
         Neste tipo de amputação, a articulação do joelho é preservada.

PRÓTESES DE AMPUTAÇÃO TRANSFEMORAL
         Depende da zona do fêmur que é conservada.
·         1/3 inferior
·         1/3 médio
·         1/3 superior

PRÓTESES DE DESARTICULAÇÃO DO QUADRIL
Há conservação do colo do fêmur e acetábulo.







CONSIDERAÇÕES SOBRE PRÓTESES
·         O design de um encaixe é feito de forma a contatar toda a superfície do coto de maneira a minimizar a pressão.
·         É necessário ter em conta as zonas que toleram melhor a pressão e as mais sensíveis.
·         A zona do ligamento patelar é dos que melhor tolera a pressão e por isso as convexidades interiores do encaixe são as mais proeminentes nesta área.
·         Zonas sensíveis, onde deve ser exercida menos pressão: músculos gêmeos, cabeça da fíbula, borda anterior da tíbia, os côndilos tibiais e a parte distal da tíbia.

CONSIDERAÇÕES SOBRE ÓRTESES
·         Dispositivos aplicados externamente, compostos por um componente ou um conjunto deles, aplicados à totalidade ou parte dos membros inferiores, superiores, tronco, cabeça ou pescoço; para auxiliar os sistemas neuromuscular e esquelético.

ÓRTESES DE MEMBRO INFERIOR
São classificadas conforme o membro e a articulação que necessita de correção.
a)    FO (Foot Orthose)

b)    AFO (Ankle Foot Orthose)

c)    KAFO (Knee Ankle Foot Orthose)

d)    HKAFO (Hip Knee Ankle Foot Orthose)